segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mulheres Republicanas - ADELAIDE CABETE (1867-1935)


Em 1900, defendeu a tese “A protecção às Mulheres grávidas pobres, como meio de promover o desenvolvimento físico de novas gerações”, tornando-se a terceira mulher a concluir Medicina no país.



“O Conselho é (...) o defensor de todas as mulheres que sofrem, e pretende a reforma das leis iníquas e desumanas que as mantêm num estado de inferioridade que humilha e revolta”


  ADELAIDE CABETE, SOBRE O CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS, A 4 DE MAIO DE 1924, NO DISCURSO DA SESSÃO INAUGURAL DO I CONGRESSO FEMINISTA E DE EDUCAÇÃO - ARNALDO BRAZÃO, IN O PRIMEIRO CONGRESSO FEMINISTA E DE EDUCAÇÃO (RELATÓRIO), LISBOA, EDIÇÕES SPARTACUS, 1925, P. 26.



Não fazia parte de uma elite, como outras mulheres republicanas, oriundas de famílias abastadas e cultas. Tal como Maria Veleda, Adelaide Cabete foi uma excepção. Se aos 33 anos se licenciou em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, tal ficou a dever-se a um enorme esforço pessoal e ao apoio que recebeu do marido para realizar um sonho: ser uma mulher instruída. Nascida em Elvas, cedo teve de trabalhar numa fábrica de secagem de ameixas e, na infância, nem sequer a instrução primária fez. Os estudos, do primário e secundário, só os pode concretizar a partir do momento em que casou – tinha 18 anos. O marido, o sargento Manuel Ramos Cabete, era um republicano culto que lhe deu essa possibilidade. Ficou-lhe sempre grata e chegou a considerá-lo o maior acontecimento da sua vida.


Na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, para onde entrou aos 29 anos, teve como professores Miguel Bombarda, Curry Cabral, Ricardo Jorge e Alfredo da Costa, entre outros. Em 1900, defendeu a tese “A protecção às mulheres grávidas pobres, como meio de promover o desenvolvimento físico de novas gerações”, tornando-se a terceira mulher a concluir Medicina no país.

A sua actividade não se limitou ao exercício clínico, como ginecologista, no consultório na Praça dos Restauradores, 13. Lutou pela introdução do ensino da puericultura nas escolas e começou a escrever. Em 1901, o seu primeiro artigo, publicado no Jornal Elvense, tinha como título: “Instrua-se a mulher”. Daí por diante, colaborou com várias revistas (Alma Feminina, Pensamento, Ciência, Educação, Almanaque Democrático, Portugal Feminino) e escreveu para jornais, como A Batalha, O Rebate, A Pátria, República, Tribuna, A Fronteira, Jornal de Elvas, República Social, O Protesto, Diário de Lisboa. Em 1907, foi iniciada na maçonaria e, em 1909, foi co-fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, onde defendeu a emancipação feminina(...)Presidiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, e, em 1923, representou o governo português no Congresso Internacional Feminista, realizado em Roma. Morreu em Lisboa em 1935.



FONTE: “DICIONÁRIO NO FEMININO (SÉCULOS XIX-XX)” COORD. ZÍLIA OSÓRIO DE CASTRO E JOÃO ESTEVES

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