segunda-feira, 10 de março de 2025

Comemorando Camões!

                                                           Alma minha gentil, que te partiste       

 Alma minha gentil, que te partiste

tão cedo desta vida, descontente,

repousa lá no Céu eternamente,

e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

memória desta vida se consente,

não te esqueças daquele amor ardente

que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

alguma coisa a dor que me ficou

da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,

que tão cedo de cá me leve a ver-te,

quão cedo de meus olhos te levou.

                    

                      Breve apontamento:

 No manuscrito da “Década VIII”, atribuído a Diogo do Couto, lê-se: «Vindo de lá [da China] se foi perder na costa de Sião [Tailândia], onde se salvaram todos despidos e o Camões por dita escapou com as suas “Lusíadas”, como ele diz nelas, e ali se afogou ũa moça china muito fermosa com que vinha embarcado e muito obrigado, e em terra fez sonetos à sua morte em que entrou aquele que diz: “Alma minha gentil, que te partiste…»

Podes ouvir: 

https://www.youtube.com/watch?v=WrojMNKUyFU


Boas leituras!



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